quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Um é o atual campeão da Libertadores e do Mundial. O outro, vive período político conturbado e acaba de cair para a Série B. Tradicional, a rivalidade vive disparidade... Nunca antes na história do clássico mais tradicional da capital paulista se viu tamanha diferença de momento entre os dois representantes do dérbi, que completará 95 anos de história e rivalidade no próximo mês de maio. O confronto deste domingo no Pacaembu, que será o 343º entre os clubes, colocará frente a frente o atual campeão da Libertadores e do Mundial, o Corinthians, e um dos quatro rebaixados para a Série B de 2013, o Palmeiras. Desde o primeiro duelo, em maio de 1917 – ainda com o nome de Palestra do lado verde –, os eternos rivais jamais chegaram tão distantes em termos de títulos, dinheiro, elenco, gerenciamento e até ambiente. Se a Fiel enlouqueceu com os títulos mais importantes da história alvinegra na última temporada, a torcida do Palmeiras viveu um sentimento contrário, com outra queda para a Segunda Divisão que, aliás, ocorreu dias antes de ao rival atravessar o mundo para levar mais um troféu internacional num torneio Fifa. Nem mesmo o título da Copa do Brasil, que quebrou um jejum de troféus nacionais de mais de uma década, serviu de alento no Parque Antártica. Primeiro, porque o rebaixamento viria meses depois. Segundo, porque ocorreu poucos dias depois de o Alvinegro conquistar a Libertadores de forma invicta – o título sul-americano era o maior argumento de zoeira dos palmeirenses sobre os rivais. A supremacia neste momento do Timão sobre o Verdão fica ainda mais impactante se levar em consideração o retrospecto desse duelo, que tem mais vitórias alviverdes do que alvinegras. São 121 contra 119 (houve ainda 102 empates). No CT Joaquim Grava, não há hipocrisia em relação às condições que chegam as duas equipes. Fábio Santos não escondeu que o momento é do Corinthians, mas fez a ressalva que isso não é suficiente para ganhar o clássico do Pacaembu. – Nosso momento é melhor, não tem como esconder, mas eu cansei de ganhar contra favoritos e perder quando eu era favorito. Tem de respeitar o momento do adversário que é difícil – afirmou Fábio. A DESIGUALDADE Títulos: 10 x 2 Um Paulista e uma Copa do Brasil. Foi isso que o Palmeiras ganhou desde 2000. Nesse período, o Corinthians ganhou duas vezes o Mundial, uma vez a Libertadores, dois Brasileiros, duas Copas do Brasil e três Paulistas – ambos conquistaram ainda a Série B. Lojas oficiais Enquanto o Palmeiras inaugurou sua primeira loja nesta semana, o rival já tem mais de cem lojas por todo país. Elencos O Corinthians tem, pelo menos, seis jogadores no banco que poderiam ser titulares de várias equipes brasileiras. Gilson Kleina sofre por falta de opção e se contenta com reforços sem peso. Finanças Corinthians deve fechar 2012 com faturamento superior a R$ 300 milhões. Já o Palmeiras deve ficar nos R$ 200 milhões. CONFIRA A OPINIÃO DOS ESPECIALISTAS Nunca houve distância tão grande. Dificilmente haverá algo parecido no futuro Em 1961, quando o Corinthians virou chacota com o time do “Faz Me Rir”, o Palmeiras era vice-campeão sul-americano. Mas ambos frequentavam a mesma divisão. O que não aconteceu em 1981, quando o Verdão não se classificou no Paulistão de 1980 e teve de disputar a segunda divisão nacional. No ano seguinte, ambos disputaram a mesma Taça de Prata. Em 2003, o Corinthians foi campeão paulista, e o Palmeiras, campeão da Série B. Em 2008, o troco verde: Verdão campeão estadual, Timão campeão da Série B. Durante um período em que o Palmeiras passou três anos sem levar gols do rival – até ser vazado por Ronaldo, no começo de 2009. Fenômeno que inverteu desde então a história de uma rivalidade que ainda é mais feliz para os palmeirenses, em vitórias, títulos disputados, o Paulistão de 1974, o fim do jejum palmeirense em 1993. Mas que, em 2013, vive a maior distância em campo e fora dele desde o primeiro Dérbi, em 1917. O Corinthians só sabe ganhar dentro e fora de campo nos últimos meses. O Palmeiras não está sabendo nem perder. Nunca houve distância tão grande entre os gigantes. Dificilmente haverá algo parecido no futuro. Por mais que ambos possam conquistar a América e o mundo, difícil imaginar que tudo possa se repetir ao mesmo tempo como o foi o dezembro de 2012 corintiano. O autêntico fim do mundo que os maias parecem ter apenas acertado em relação ao Palmeiras. Nunca mais? Em maio de 1959, a Itália chorou a queda do Torino. Pela primeira vez, o melhor time italiano até aquela época ia parar na Segunda Divisão, exatamente dez anos depois de o acidente aéreo de Superga ter matado todos os seus jogadores. Durou um ano o martírio do Tórino. No ano do retorno, a Juventus, grande rival, ganhou o bicampeonato italiano. Nunca tinha havido nada tão grave para os torinistas quanto a Série B com a Juve campeã. Na história, o Tórino ganhou a Série A sete vezes e foi campeão da série B outras três. Nunca houve nada como o Corinthians campeão mundial, com o Palmeiras na Série B. Pode haver. O Brasil vive período de transformação, de afunilamento de um grupo menor de grandes clubes. Hoje, são 12. Vai haver quantos? 10, 8, 6? Ou o Palmeiras acorda, ou não entra no funil. Já pensou no Corinthians tri mundial e o Palmeiras na Série C? Que o Palmeiras não cogite. Distância assim, talvez, só em 1951 Distância parecida com essa, talvez, só em 1951, quando o Palmeiras ganhou a Copa Rio (que considera o seu Mundial) e o Corinthians ainda amargava dez anos sem o título paulista. Ainda assim, naquele mesmo ano, o Timão já contava com a geração de Cláudio, Luizinho, Baltasar & Cia. e se preparava para quebrar o jejum logo no início do ano seguinte. O curioso é que, mesmo nos tempos de maior disparidade entre os dois rivais, ganhar o clássico nunca foi fácil pra ninguém. Nos 22 anos em que ficou sem ser campeão, de 1954 a 1977, o Corinthians ganhou das Academias do Palmeiras 30 vezes, perdeu só um jogo a mais (31) e empatou 34. No jejum palmeirense, de 1976 a 1993, aconteceu, até, uma vitória a mais do Palmeiras, 21 contra 20 do rival e 19 empates.

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