sexta-feira, 9 de março de 2012

Assim caminha o Brasil

Caminhões de problemas


Dá para entender a revolta dos caminhoneiros, que passam a enfrentar uma nova restrição na cidade de São Paulo: estão proibidos de circular na marginal Tietê e outras dezenas de avenidas e ruas das 5h às 9h e das 17h às 22h, de segunda a sexta.

Muitas empresas de transporte e motoristas autônomos terão a vida bem complicada pela proibição. Mas esse é um daqueles casos em que o prejuízo de alguns pode beneficiar a maioria.

Seria um exagero dizer que os caminhões são o único problema do trânsito. Também é verdade que veículos grandes, lentos e muitas vezes malconservados criam dificuldades para o tráfego de ônibus e carros.

Quantas vezes por semana, se não todos os dias, as marginais Tietê e Pinheiros não ficam engarrafadas por causa de caminhões que quebram ou entalam nas pontes, por desrespeitar as placas de altura máxima? Quem já não viu o trânsito parado porque a carga mal-arrumada, o excesso de peso ou a imprudência de um caminhoneiro provocou um tombamento e espalhou a mercadoria pela pista?

Infelizmente não dá para o transporte de carga conviver com o de passageiros o tempo todo no espaço limitado das ruas. Em muitas cidades de países desenvolvidos, as entregas só podem ser feitas em certos horários.

Falavam que o mundo ia acabar quando se decidiu que certas partes da cidade só poderiam ter caminhões VUC (veículo urbano de carga, com no máximo 6,3 m de comprimento). Não acabou.

Alguns caminhoneiros, porém, já ameaçam deixar a cidade sem combustíveis, em protesto contra a medida. É uma violência inaceitável contra os cidadãos.



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Central do crime

Um dos mais incríveis problemas de segurança pública do país começou a ser resolvido, ainda de maneira tímida, no início deste ano.

Até agora, o Brasil não dispunha de um banco de dados centralizado sobre os foragidos da Justiça nos diversos Estados da Federação. Uma ordem de prisão que partisse de um juiz paulista, por exemplo, dificilmente seria cumprida no Rio de Janeiro. Não por má vontade dos policiais daquele Estado, mas por simples falta de informação.

Assim a vida ficava fácil para a bandidagem. Bastava o meliante cruzar alguma fronteira estadual, e as chances de ser preso, já baixas, diminuíam mais ainda.

A criação do Banco Nacional de Mandados de Prisão deve mudar essa situação. O sistema de informação pela internet vai reunir a identidade de foragidos da Justiça em todo o país. Se o nome do procurado estiver na lista, um policial de qualquer polícia estadual poderá realizar a prisão.

É espantoso que uma providência desse tipo, tão simples, ainda não estivesse em vigor. Mas, para que ela funcione de verdade, os tribunais precisam colaborar.

Além dos 27 Tribunais de Justiça em cada Estado, o país conta com diversas cortes federais regionais e tribunais trabalhistas. Todos precisam enviar as informações sobre mandados de prisão para o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), responsável por manter e alimentar o novo banco de dados.

Apenas 13 tribunais cumpriram o dever até agora. E, mesmo assim, informaram apenas as ordens de prisão mais recentes. É obrigação de todos eles obedecer a lei. Só assim a Justiça e as polícias ganharão eficiência, e os cidadãos, um pouco mais de segurança.

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