sábado, 17 de março de 2012

QUE PAIS ESSE

Bicicleta na metrópole

A morte da ciclista Juliana Ingrid Dias, 33 anos, na avenida Paulista (região central de SP), trouxe de novo a discussão sobre o uso da bicicleta numa cidade como São Paulo.

Muitos a defendem como meio alternativo de transporte. Outros querem praticamente bani-la.

A discussão é boa, mas o fato é que a circulação desses veículos em vias urbanas está prevista pelo Código de Trânsito Brasileiro. E as bikes já são uma realidade na maior cidade do país.

Pesquisa feita pelo Metrô mostra que a quantidade de viagens na cidade feitas por bicicletas passou de 162 mil, em 1997, para 304 mil em 2007. Hoje deve estar chegando a 350 mil.

A título de comparação, as viagens diárias de motocicleta em 2007 chegavam a 721 mil, e as de automóvel eram 10,4 milhões.

A maior parte das viagens concentra-se em faixas de baixa renda e é realizada para levar o cidadão ao trabalho ou a um outro meio de transporte, como o metrô, que o leve ao trabalho.

Além disso, cerca de 70% dos acidentes fatais ocorrem em bairros periféricos. A questão, portanto, não é se devemos ter bicicleta em São Paulo, mas sim o que falta para criar condições melhores para a convivência entre ciclistas, automóveis, motos e ônibus.

É preciso avançar na sinalização que indique aos ciclistas rotas por vias secundárias mais tranquilas. Também é preciso fazer um plano de ciclovias, faixas exclusivas, para esses veículos.

Antes ninguém usava cinto de segurança e ninguém respeitava faixa de pedestre. A situação mudou. O mesmo pode acontecer com a bicicleta. Só falta educação e investimento para isso.


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Compras por computador


A ideia de lojas virtuais, aquelas que só existem na internet, é boa: o consumidor pode fazer compras sem precisar sair de casa. É uma tremenda facilidade.

Problema: muitas vezes o que era para ser uma mão na roda acaba trazendo dor de cabeça para o comprador: atrasos na entrega, mercadorias que chegam com defeito e não são trocadas, e por aí vai. Não tem cabimento.

O número de reclamações sobre esses serviços tem crescido tanto que o Procon-SP resolveu suspender o funcionamento de três desses portais de compra.

A medida pegou os serviços Submarino, Americanas.com e Shoptime. Valeria por 72 horas. Mas a Justiça decidiu no mesmo dia cancelar a suspensão determinada pelo Procon.

Tudo isso, veja só, na véspera do Dia do Consumidor, que foi comemorado ontem.

Diante dessa coincidência, surge a dúvida: o Procon estava fazendo a coisa certa ou queria fazer papel de durão?

A pergunta tem sentido porque, na prática, o próprio consumidor saiu prejudicado, já que havia três portais a menos para fazer compras.

O melhor, nesse caso, talvez fosse manter a multa de R$ 1,744 milhão e obrigar as empresas a pagar uma indenização para quem tivesse ficado no prejuízo.

Em sua defesa, os três portais dizem que o volume de vendas cresceu mais do que esperavam. E apareceram dificuldades práticas para atender todos os pedidos.

O consumidor, por sua vez, não tem nada com isso. Seu direito é receber o produto que comprou.

É preciso aumentar a fiscalização e as punições. Mas isso tem que ser feito diariamente, e não como um show com data marcada.


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Caindo aos pedaços


Não é exagero dizer que as pontes e os viadutos de São Paulo estão caindo aos pedaços. Estão, de fato.

No sábado, parte da estrutura da ponte do Morumbi despencou na marginal Pinheiros. Por sorte, ninguém se machucou, e o trânsito logo foi liberado.

Dez dias antes, um acidente parecido tinha deixado cinco feridos na avenida 23 de Maio, quando blocos de concreto de um viaduto caíram sobre um táxi.

Na segunda-feira, repórteres da "Folha de S.Paulo" percorreram várias regiões da cidade para verificar o estado das pontes.

Foram acompanhados por engenheiros especialistas em inspecionar grandes estruturas.

Eles examinaram dez pontes e viadutos de São Paulo. Descobriram que nove deles tinham problemas. É alarmante.

As falhas mais comuns são infiltrações, defeitos em juntas e altura baixa para passagem de caminhões.

O prefeito Gilberto Kassab (PSD) nem pode dizer que não conhecia essa situação, das mais graves.

Em 2007, o Ministério Público deu dez anos para a Prefeitura de São Paulo reformar 68 pontes e viadutos em várias partes da cidade.

Metade do prazo já passou, mas só 18 obras foram feitas.

Recentemente, Kassab disse que o número de reformas não é pequeno. Mas não explicou por que demorou cinco anos para encomendar um estudo que ajudasse a planejar as obras.

O paulistano não precisa de novos problemas no trânsito, principalmente daqueles que podem ser evitados com uma boa manutenção.

Só faltava essa: além de ficar preso no engarrafamento, o cidadão também vai ter medo de parar debaixo da ponte.

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