Milhares de processos aguardam resolução na Justiça, e bandidos perigosos andam soltos por falta de presídios. Enquanto isso, chega a notícia de que Wagner Colombo, 31 anos, foi condenado a um ano e meio atrás das grades pelo furto de quatro latas de atum e uma de óleo.
Foi numa mercearia em São Mateus (zona leste de SP). Wagner nem mesmo chegou a consumir o produto. Devolveu as latas ao ser pego em flagrante.
Mesmo assim, foi levado à polícia.
Abriu-se o processo. E o azar de Wagner continuou. Ele tinha de se apresentar no fórum para o julgamento. Mas chegou atrasado.
Claro, o ônibus que devia levá-lo de São Mateus até o Fórum da Barra Funda demorou três horas para atingir o seu destino.
Já era tarde: sem se apresentar no horário devido, o ladrão de atum foi condenado. Quando ele chegou, a juíza afirmou que não tinha como voltar atrás da decisão.
O caso teve de ir à instância mais alta do Judiciário paulista, o Tribunal de Justiça. Só então decidiram conceder-lhe a liberdade.
"Embora com atraso", disse o desembargador Xavier de Souza, "ele compareceu ao fórum. É evidente que se quisesse frustrar a aplicação da lei, assim não teria agido".
É evidente, mas às vezes demora para cair a ficha.
E, convenhamos, num país onde a Justiça atrasa tanto, condenar alguém por chegar três horas depois do combinado chega a parecer piada de mau gosto.
De qualquer modo, Wagner deve ter aprendido a lição. Só resta esperar que a Justiça se preocupe menos com casos desse tipo --e que prenda, em vez de quem rouba latas de atum, os peixes grandes que estão à solta.
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