sexta-feira, 15 de junho de 2012

Mais médicos, por favor

O governo federal anuncia que vai criar mais 2.500 vagas nas faculdade de medicina do país. A medida é boa, mas não resolverá um problema grave da saúde pública: a falta de médicos. O Conselho Federal de Medicina (CFM), por incrível que pareça, é contra. Diz que já tem médico demais. Está na cara que esses conselheiros nunca precisaram ir para a fila de um hospital público. Senão, saberiam o que é bom para tosse. Faltam médicos, sim. O Brasil tem 1,8 profissional com diploma para cada grupo de mil habitantes. Os países mais ricos estão bem na frente: nos Estados Unidos, são 2,4 por mil. Com o envelhecimento da população, por aqui, a necessidade de médicos vai crescer muito. Mas o pessoal do CFM tem alguma razão em dizer que há concorrência demais, pelo menos em alguns lugares, entre profissionais nem sempre bem formados. Tem muita faculdade de qualidade duvidosa no país. Hoje em dia, a medicina se tornou muito complicada. Mesmo depois de seis anos na faculdade, o médico só se forma de verdade depois de fazer residência, quer dizer, pelo menos dois anos de treinamento num hospital, com a mão na massa. Para ter mais e melhores médicos, portanto, precisa abrir vagas de residência e pagar bolsas para os jovens estagiários. E, também, pensar num exame caprichado para dar acesso à profissão e, assim, impedir que maus médicos cheguem ao paciente. É claro que continuará a faltar médico onde as condições de trabalho forem muito ruins, como bairros violentos, hospitais sem estrutura e regiões distantes. Abrir vagas em faculdades e na residência médica, porém, não vai resolver essas outras dificuldades.

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