terça-feira, 21 de junho de 2011

Corrupção sem barreiras

O Brasil foi escolhido como sede da Copa do Mundo no final de outubro de 2007. O Rio ganhou o direito de receber a Olimpíada de 2016 em outubro de 2009. Desde então, quase nada foi feito.

Os aeroportos continuam muito ruins. O transporte público nas cidades é um desastre. Os estádios estão caindo aos pedaços.

Com medo de passar vexame fora dos campos e ginásios, o governo quer mudar as regras para a licitação das obras ligadas aos dois eventos esportivos.

Uma medida aprovada na Câmara dos Deputados afrouxa os controles sobre as concorrências. Além disso, e pior, torna os orçamentos 'sigilosos'. Ou seja: primeiro, liberam as empreiteiras para gastar quase que sem supervisão. Em seguida, tornam muito mais difícil a fiscalização.

É só lembrar que os Jogos Pan-Americanos do Rio, em 2007, custaram oito vezes mais que o previsto. O orçamento inicial, em 2002, era de R$ 410 milhões. A conta, paga por todos nós, fechou em R$ 3,7 bilhões.

As obras da Copa e da Olimpíada, mesmo antes dessa nova medida ser aprovada, já iam pelo mesmo caminho. A reforma do Maracanã, para ficar em um exemplo, saltou de R$ 600 milhões para R$ 1 bilhão.

O argumento do governo, de que o sigilo pode deixar a obra mais barata porque as empreiteiras não vão poder combinar preços, é ridículo. Até parece que esse segredo vai impedir fraudes e corrupção.

O texto que libera geral ainda vai ser votado no Senado. É bom torcer para que seja alterado. Do jeito como está, não vai haver limites para a bandalheira.

O sigilo, nesses casos, serve só para esconder as falcatruas.

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