segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Os sonhos de ser jogador de futebol

São Paulo (SP)
Ser jogador de futebol é o sonho de muita gente, como um dia foi o meu. Se tiver talento e um pouco de sorte, você pode ganhar em dez anos dinheiro para toda a vida, viajar pelo mundo, ser respeitado e ídolo, além de ficar "bonito" do dia para a noite, que o digam as 'marias chuteiras' espalhadas pelos estádios.

No entanto, há uma cobrança cruel em muitos casos. Por exemplo, se o cara não conseguir cantar todo o hino nacional, já chegam as reclamações. São certas, porém, com certeza, se tocarem no Parlamento, quase nenhum político saberá a letra. Numa redação, alguns passarão vergonha e, nas faculdades, mais ainda essas 'meia boca', que proliferam por aí, praticamente ninguém conhecerá os versos.

E os bebuns e viciados em drogas contestando um eventual positivo num exame anti-doping? Correta a contestação, no entanto são rotos falando de rasgados. E há as farras. É só pintar feiras, convenções, reuniões, em quaisquer setores e as festinhas, não para todos, é claro, são inevitáveis. E no futebol não é diferente.

Desde que o jogo é jogo, isso existe. Só que basta sair qualquer informação envolvendo boleiros e a coisa ganha uma dimensão ampliada. A notícia de que os jogadores do Santos teriam feito uma festinha, após a vitória contra o Grêmio, em Porto Alegre, ganhou um rumo inacreditável. Pura hipocrisia. Aliás, se fizeram mesmo no hotel, a coisa já melhorou. Antes o pessoal costumava ir para lugares pouco recomendáveis em busca de diversão. Pelo menos eles ficaram em lugar seguro.

Não estou aprovando, nem reprovando nada. É apenas uma constatação. Não sei se porque tanta gente queria ser craque de bola, cria-se, em cima desse pessoal, uma exigência, que muitos não tem nem consigo mesmo. No caso, então, dos meninos do Santos, com sua irreverencia, virou uma obsessão. Sei lá o que se esperava. Talvez que eles fossem santinhos. Não é o caso. O Neymar criou problemas, sim, até ele sabe. Porém, me incomoda vê-lo amoado em campo, com medo de ser naturalmente rebelde. Ele toma porrada e tem que ficar quieto. Como bom moço, como um namoradinho do Brasil. Coisa que não conseguimos conosco, nem em peladas com amigos. Vivemos o momento da hipocrisia. Especialmente quando o assunto é futebol.

E com isso esquecemos de ver o essencial. Quem joga e quem não joga. Quem faz a diferença e quem não faz. E nesse caso, só o time do Santos e seus moleques irreventes, consegue, ou pelo menos tenta, fazer algo de bonito e novo. Sair da mesmice. Isso incomoda. Lamento. Não gostaria de ver escoteirinhos, bons garotos, que não soubessem a arte da bola. Prefiro me divertir com as dancinhas e provocações. Mas, reconheço, estão conseguindo calar essa alegria. Pelo menos sinto o Neymar cada vez mais travado e mais comum. Embora, sem dúvida, com um comportamento exemplar.

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