segunda-feira, 30 de abril de 2012
A ambiguidade intangível do Futebol
Todos os grandes clubes brasileiros possuem dívidas milionárias.
Mesmo assim continuam pagando altos salários aos seus jogadores e gastando milhões em contratações, seja com “dinheiro em caixa” ou com a “ajuda” de empresários e/ou investidores.
Os estádios continuam sucateados e o público cuja presença é cada vez mais escassa é historicamente mal tratado.
De acordo com a auditoria realizada pela Casual Auditores, em associação com a empresa Parker Randall, o Fluminense é o clube mais endividado, com um rombo de R$ 319,7 milhões.
Em seguida aparecem Botafogo (R$ 301 milhões), Atlético-MG (R$ 293,4 milhões), Vasco (R$ 291 milhões) e Flamengo (R$ 278 milhões).
Santos, Corinthians, Internacional, Grêmio, São Paulo, Palmeiras e Cruzeiro também possuem débitos superiores a R$ 50 milhões.
Ao olharmos para a Europa o panorama muda um pouco. Os estádios estão sempre lotados, o torcedor tem acesso a poltronas confortáveis, seu carro não fica sob o olhar (duvidoso) do flanelinha, enfim, o tratamento dado ao torcedor é bem diferente.
Os salários são milionários e as contratações atingem cifras estelares, num patamar superior ao futebol brasileiro.
No entanto, as diferenças acabam aí, já que as dívidas (ver quadro abaixo) também são milionárias, e num nível muito superior ao quadro brasileiro.
Os clubes considerados como os maiores do mundo, Barcelona e Real Madrid, possuem dívidas entre 500 e 800 milhões de Euros cada um.
O Manchester United, o clube inglês com maior número de títulos nos últimos anos, possui dívida de mais 800 milhões de Euros, semelhante ao Chelsea controlado pelo bilionário russo Roman Abramovich, com 600 milhões de Euros.
Estima-se que os 20 clubes da Premier League, a liga inglesa, estejam endividados em mais 3,5 bilhões de Euros.
Posto isso, a primeira pergunta que nos vem a cabeça é: como isso é possível?
Como os clubes devem tanto e mesmo assim continuam gastando?
Exceção, talvez seja o futebol alemão.
Que possui grandes jogadores, mas não os mais caros, os estádios estão sempre lotados, mas seus clubes estão muito bem financeiramente.
No entanto, um clube alemão não ganha a Liga dos Campeões, maior torneio da Europa desde 2001 (ao menos até dia 19 de maio).
Essa constatação nos leva a uma serie de reflexões.
O futebol, espetáculo assistido por milhões de pessoas no mundo todo, gera riquezas, empregos e movimenta a economia de diversos países, tem uma gestão financeira, no mínimo, discutível.
E mesmo dessa forma continua tendo êxito, pois, as dívidas não impedem os times de ganhar títulos e também não parecem paralisa-los para novas contratações e salários milionários.
O futebol como paixão, diversão e bem intangível ficaria fora das leis do mercado, ou seja, pode dar prejuízo desde que traga títulos e atraia torcedores.
Pensando o futebol sob a ética da sustentabilidade, das boas práticas de mercado e de uma gestão eficiente, ele seria mais exitoso trazendo mais riquezas e atraindo mais torcedores?
Na prática isso não parece verdade na comparação entre os clubes europeus.
O futebol como único esporte em que um adversário pior tecnicamente pode vencer o oponente superior tecnicamente, revela sua face ambígua também na gestão de suas riquezas.
RESUMO – VALOR TOTAL DA DÍVIDA POR CLUBE
EM MILHÕES DE EUROS
1. Manchester Utd , 820
2. Real Madrid , 800
3. Chelsea , 600
4. Barcelona , 500
5. Atletico Madrid , 450
6. Internacionale , 420
7. Valencia , 400
8. Milan , 360
9. Arsenal , 350
10. Liverpol , 330
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