domingo, 1 de abril de 2012

Motociclista sem lei é alvo dos 'pistoleiros' da CET, mas problema é anterior




Esta cena você certamente já viu: motociclista é socorrido após ser atingido por outro veículo
O elevado número de acidentes com motos na cidade de São Paulo é um dos maiores problemas que envolvem a mobilidade paulistana. Com o crescimento da frota de veículos e a falta de investimento em transporte público e no sistema viário, a motocicleta surge como grande alternativa para deslocamentos rápidos.

O tiro dessa pistola dói, mas só no bolso do mau motociclista da cidade de São Paulo
A capacidade de se desvencilhar do trânsito engarrafado, somada à economia de exercício e facilidade de estacionar, tornou-a também uma ferramenta de trabalho indispensável para o transporte de documentos e pequenas encomendas. Até por conta da extensa quilometragem diária percorrida, são exatamente estes profissionais do guidão, os chamados motoboys ou motofretistas, que encabeçam a lista dos acidentados.

De acordo com dados do Detran de São Paulo, a frota de veículos na capital do Estado cresceu 3,2% de fevereiro de 2011 a fevereiro deste ano, atingindo o impressionante número de 7.222.769 veículos, dos quais 937.121 são motos. Enquanto os carros evoluíram 2,4%, as motos tiveram crescimento de quase 6% neste período. Esse aumento na frota de motos tem um lado negativo que não se verifica apenas em estatísticas de acidentes, mas se vê no dia-a-dia de cada paulistano, na (infelizmente banal) cena do resgate socorrendo motociclistas.

As tentativas da prefeitura e da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) para minimizar o problema parecem pífias, não obtendo resultados adequados. Recebidas com grande alarde, as motofaixas, corredores exclusivos para motos criados em algumas avenidas de São Paulo a partir de 2006, não mais são consideradas solução válida, pois não promoveram a esperada redução dos acidentes, além de elevarem ocorrências como atropelamentos.
MOTONOTAS!
TRIUMPH é uma marca que deixou saudade entre os brasileiros. Ausente do mercado desde 2010, em breve estará de volta, e não por intermédio de um representante, mas sim com uma subsidiária. E como todas as marcas que desejam realmente serem competitivas em nosso país, a Triumph terá linhas de montagem no pólo industrial da Zona Franca de Manaus.
MARCELO SILVA, executivo com passagem pela GM, Toyota e BMW do Brasil e que está à frente das operações da Triumph no Brasil nos informou que maquinários estão sendo importados e que a área da empresa em Manaus, já anteriormente utilizada para montagem de motocicletas, está sendo adequada aos padrões da empresa britânica. Concessionários também estão em fase de seleção. Prometeu que as operações deverão efetivamente começar no 3º trimestre deste ano.

PÓS-VENDA para novos e antigos clientes é um dos grandes desafios da gestão dessa nova fase da Triumph, que percorre o mesmo caminho da Harley-Davidson – que já montava suas motos em Manaus desde 1999 – e que em fevereiro de 2011 assumiu a comercialização direta de suas motos. O ponto em comum entre as marcas é que ambas tinham contratos de comercialização, rescindidos, com o Grupo Izzo, atualmente distribuidor da italiana Ducati e da austríaca KTM.

HUSQVARNA, marca de origem sueca famosa por suas motos especiais para a prática de Enduro, Motocross e Supermotard também era representada no Brasil pelo Grupo Izzo. Em 1987 a Husqvarna foi comprada pelo grupo italiano Cagiva, que a vendeu em 2007 à alemã BMW. Pouco depois, as motos deixaram de ser importadas para o Brasil. Rumores dão conta que um acordo entre Grupo Izzo e BMW foi finalmente alcançado, o que pode trazer de volta as Husqvarna -- concorrentes diretas das KTM -- em breve ao nosso mercado.

HENNING DORNBUSCH, presidente da BMW no Brasil, questionado sobre o acordo, disse, sorridente, estar impedido de fazer comentários sobre o tema. Para a BMW mundial a marca Husqvarna é estratégicamente importante para alcançar novos e mais jovens clientes, já que as motos com o logotipo BMW são tidas como caras e, portanto, pouco acessíveis.

Uma iniciativa alardeada como eficaz foi a proibição de circulação de motos em alguns trechos da pista expressa das marginais. Todavia, é de se perguntar se a inciativa, talvez discriminatória à moto e seu usuário, não mascarou os acidentes simplesmente trocando-os de lugar.

VIGIAR E PUNIR
A última novidade na ânsia de diminuir as ocorrências com motos é de ordem punitiva: a CET começou a usar radares-pistola capazes de identificar e multar motos percorrendo vias em excesso de velocidade. Na primeira semana de testes, nada menos do que 2.000 motos foram flagradas desrespeitando o limite das vias. No que pese a evidente discriminação ao veículo motocicleta (quantos seriam os carros, caminhões e ônibus pilhados em infração nestes mesmos locais?), a ação se justifica pela simples observação ao alcance de qualquer um que circule pela cidade, de que são os motociclistas os que menos respeitam a legislação de trânsito.

Há, infelizmente, um padrão de conduta de boa parcela dos motoboys que é o da "progressão constante e inexorável". Não importa o que esteja ocorrendo na via, a prática é seguir em frente, sempre. Pelo vão entre os carros, pelas calçadas ou mesmo pela contramão, a "nuvem" de pequenas motos constrange até mesmo motociclistas que fazem uso do veículo apenas como transporte e não como meio de subsistência. Marca registrada de alguns é a agressividade, que infelizmente transformou qualquer cidadão sobre uma motocicleta em inimigo, alvo de olhares de receio por parte de motoristas.

Como agressividade gera agressividade, a retaliação por conta de espelhos retrovisores quebrados, laterais arranhadas e demais danos que o método "progresso constante inexorável" costuma produzir resulta em fechadas e nos acidentes.

Houve um tempo no qual motos eram veículos minoritários na cena paulistana, e sobretudo objetos de lazer. À época, menos de 20 anos atrás, era comum, quase obrigatório, que motociclistas, ao se cruzarem pelas ruas ou nas paradas nos semáforos, se cumprimentassem com um pequeno gesto, uma piscada de farol ou uma buzinadinha. Tal tradição, que podia ser interpretada como código entre confrades, se extinguiu.

MANUTENÇÃO ZERO
O problema dos acidentes envolvendo motos, que complica a vida na cidade e causa quase duas mortes diárias, tem origem não apenas no crescimento voraz da frota, mas também na falta de educação e informação do usuário deste tipo de veículo. É senso comum que o exame de habilitação para motos não habilita ninguém: o teste é realizado em circuito fechado e, quando muito, avalia equilíbrio, não a capacidade de pilotar no mundo real.

Outro importante aspecto é o da manutenção. Nos motocheck-ups gratuitos realizados na capital paulista pela entidade que congrega os fabricantes de motos no Brasil, a Abraciclo (a Anfanvea das motos), os dados obtidos são alarmantes: em quase 10 mil motos avaliadas entre 2010 e 2011, 45% apresentavam defeitos no freio traseiro e 37% no freio dianteiro. Isso para não mencionar índices menores, mas também alarmantes, vinculados à coluna de direção, relação de transmissão e pneus.

Esta é apenas a confirmação de um dado já sabido por quem conhece motocicletas a fundo: a maioria esmagadora da frota de São Paulo não supera o mais simples exame visual das condições de manutenção do veículo. Realizar uma fiscalização rigorosa das motos seria um passo importante no sentido de educar a fórceps um bando de sem-leis à qual a CET espera, agora, colocar um freio com o mais simples e prático recurso -- o da multa.

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