A vez do pedestre
Deu resultado a campanha para diminuir as mortes por atropelamento na cidade de São Paulo.
Desde maio de 2011, quando começou o programa de respeito às faixas, até janeiro deste ano, o número de pedestres mortos na região central caiu 37%.
Essa redução é bem-vinda e deve ser comemorada. Mas ainda dá para melhorar mais.
Quando se olha para a cidade como um todo, a diminuição das mortes por atropelamento não foi tão grande assim: caiu de 464 para 427, uma redução de apenas 7,9%.
Essa diferença entre o centro e o restante da cidade resulta da própria forma como foi realizada a campanha.
Ela começou na região central, em maio passado, e só agora, quase um ano depois, vai chegar à periferia. Mas é lá que fica a maioria das vias perigosas.
É estranho que a prefeitura tenha demorado tanto para ampliar esse programa. Seus resultados são positivos desde o princípio.
Para dar certo mesmo, a fiscalização precisa ser rigorosa em toda a cidade, e não apenas no centro de São Paulo.
Como aconteceu com o cinto de segurança, a lei para respeitar a faixa de pedestre só vai "pegar" quando todo mundo souber que haverá punição, não importa a rua ou avenida.
Em 2010, 630 pessoas morreram atropeladas em São Paulo. Dá quase a metade do total das mortes no trânsito.
Essa situação absurda, que mais parece uma guerra, precisa mudar.
A campanha da prefeitura deve ser ampliada o máximo possível, mas sem perder a força.
Respeitar o pedestre deve ser a regra na cidade. Em toda a cidade.
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Religião fora da escola
Rezar pode fazer bem para muita gente. Traz esperança, conforto, saúde espiritual.
Mas são outros 500 obrigar alguém a dizer o Padre Nosso. Em especial se a religião da pessoa for outra, ou se ela não tiver religião nenhuma.
É o caso do estudante Ciel Vieira, que mora numa pequena cidade de Minas Gerais. Aos 17 anos, é ateu. E resolveu protestar na internet quando se sentiu perseguido na escola.
Uma professora sua tem o hábito de começar a primeira aula do dia com uma oração. O rapaz não quis acompanhar e ficou em silêncio (respeitosamente, segundo contam). Foi o bastante para a professora dizer que ele não teria futuro na vida, e para os colegas o acusarem de ter parte com o demônio.
Depois, quando o caso ganhou destaque, a professora teve de pedir desculpas. Mas o mínimo que a escola precisa fazer é parar de uma vez com essa história de reza em sala de aula.
Uma coisa é estudo, outra é religião, culto. Escola não é igreja, nem templo.
É muito perigoso quando se confundem as coisas, ainda mais numa escola pública. Nenhum órgão do governo pode apoiar uma determinada religião: esse princípio, que existe desde os primeiros tempos da República, não é uma questão de implicância com esta ou aquela igreja.
Ao contrário. O Estado tem de ser neutro em questões religiosas para que todas as religiões--e há muitas no país-- convivam em pé de igualdade, sem proteção nem perseguição.
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São Paulo está cara
Morar em São Paulo nunca foi barato. Aluguéis e taxas de condomínio sempre foram altos. Casa própria, então, nem se fala.
Muita gente se muda para a capital atrás de empregos e oportunidades de negócios. Também vêm para cá muitos visitantes, atraídos pelos vários serviços que a cidade oferece: restaurantes, shoppings, museus, desfiles de moda, shows..
São Paulo tem muito a oferecer, mas não sai barato aproveitar tanta coisa.
Se o turista vem só para fazer compras, sairá ganhando. Com muita competição no comércio e a concorrência de mercadorias importadas, o preço vai parar lá em baixo.
Para se divertir, contudo, o visitante paga caro. É que não dá para importar um restaurante ou teatro inteiros, e os empresários do ramo de serviços podem aumentar os preços. Como a economia do Brasil vai bem, sempre há quem possa pagar.
De um lado, aparelhos eletrônicos como TVs e computadores ficaram mais baratos.
De outro, aquela lasanha com um vinhozinho custa os olhos da cara.
Essa diferença fica clara nos números detalhados da inflação. A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) diz que, desde julho do ano passado, os preços paulistanos subiram em média 3,3%.
Já os preços dos serviços subiram quase o dobro, 5,7%. E mais ainda os daqueles serviços que usam muita mão de obra, como pedreiros, mecânicos e cabeleireiros: 8,4%. Uma facada.
É o preço que a gente paga para morar numa cidade bacana como São Paulo.
O lado bom, embora custe caro, é que sobra mais dinheiro na mão de quem trabalha duro para ganhar a vida.
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