domingo, 5 de fevereiro de 2012

Aeroportos privados



O governo federal começa amanhã a privatizar os aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília. Agora vai.

O crescimento da procura por viagens aéreas no Brasil cresce a jato. No ano passado, pela primeira vez na história, o número de viajantes de avião superou o de ônibus interestaduais.

Com tanta gente a fim de voar, o resultado tem sido uma confusão nos aeroportos. Em época de férias e feriados, é sempre um drama. Voos atrasam ou são cancelados, para desespero dos turistas, que pagam uma nota para chegar mais rápido.

Com empresas privadas cuidando dos terminais, em lugar da ineficiente estatal Infraero, haverá mais recursos para ampliar os principais aeroportos. Alguma coisa já deve melhorar para a Copa do Mundo de 2014.

A preocupação não é só com a Copa e a Olimpíada de 2016. O país precisa se preparar para atender à procura por voos dos próprios brasileiros. E ela vai continuar crescendo em ritmo forte.

Dos três aeroportos que serão leiloados, Guarulhos é o mais lucrativo do país. Viracopos, em Campinas, está em quarto lugar (depois de Congonhas e de Curitiba). Já o de Brasília dá prejuízo, mas pode dar dinheiro se for mais bem administrado.

O governo demorou para tomar essa medida. Deixou a situação ficar caótica. Agora tenta recuperar o tempo perdido.

Antes tarde do que nunca. Mas tem um problema: para atrair investidores, as tarifas cobradas das empresas aéreas (e repassadas ao consumidor) aumentaram no ano passado. E não tem nada na privatização que garanta futuras reduções.

Ou seja, mais uma vez é o cidadão que vai pagar a conta.


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Cortina de fumaça



Faz um mês que começou a operação policial na cracolândia, na região central de São Paulo. Era ingênuo, claro, quem achava que num tempo tão curto o problema pudesse ser resolvido.

Como se sabe, o que aconteceu foi o espalhamento dos usuários pelas regiões vizinhas.

Quando a Secretaria de Estado da Justiça comemora o que foi feito anunciando que "a cracolândia deixou de existir", o cidadão pode até se perguntar o que andaram tomando as autoridades antes de fazer declarações desse tipo.

Seja como for, a população aprovou, em grande maioria, a presença da polícia no local. Foi o que mostrou uma pesquisa de opinião do Datafolha.

E esse apoio não depende da preferência partidária dos entrevistados. Tanto quem simpatiza com o PT quanto quem gosta do PSDB deu notas altas à operação.

Menos mal que os excessos de violência contra os usuários, que precisam de tratamento e não de pancada de cassetete, tenham sido contidos em tempo.

No fundo, a população sempre vai aprovar mais polícia na rua, mesmo todo mundo sabendo que, no caso do crack, o problema é mais complexo.

Não há solução para a cracolândia (onde quer que ela fique) sem solução para o viciado.

E é nisso, com mais centros de acolhimento e mais assistentes sociais, ao lado da polícia para reprimir o tráfico, que as autoridades precisam investir.

O resto pode ser bem-vindo, mas cheira um pouco a cortina de fumaça. Não de crack, bem entendido. Mas fumaça de fogos de artifício, em época pré-eleitoral.

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