quarta-feira, 2 de maio de 2012
ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE
De noite, cadeia; de dia, leis
Muita gente gostaria de ver os políticos na prisão. Em Ponta Porã, município de Mato Grosso do Sul, o sonho virou realidade. Só que parece um pesadelo.
O vereador Joanir Subtil Viana, do PMDB, foi eleito em 2008, com 1.111 votos. No ano seguinte, a Polícia Federal descobriu nada menos que 93 kg de cocaína numa fazenda dele, lá na fronteira com o Paraguai.
O vereador terminou condenado a mais de 14 anos de prisão. Tratava-se, segundo o Ministério Público, de "grande articulador da aquisição e da venda de carregamento de cocaína".
Ele ficou um tempo preso, em regime fechado. Mas acabou recebendo o benefício do sistema semiaberto: permanece em liberdade durante o dia, mas tem de se recolher diariamente ao presídio, às 20h.
Até aí, tudo bem. É um benefício que a lei garante aos condenados. Acontece que, estando livre de dia, Joanir Subtil Viana voltou a exercer suas funções na Câmara Municipal.
Isso mesmo: ninguém se lembrou de cassar o mandato do homem quando ele foi condenado. Deram-lhe uma licença para "tratar de assuntos pessoais". Agora que os assuntos estão mais ou menos "tratados", ele dorme na prisão e, durante o dia, faz leis.
Acharam cocaína em suas propriedades. Cem quilos de uma droga como essa nada têm de sutil.
"Mas, pelo menos", o vereador-presidiário sul-mato-grossense poderia dizer, "não me pegaram enfiando dinheiro de propina no bolso".
Sempre dá para caprichar na sutileza um pouco mais.
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Violência em números
Alegria de paulista dura pouco. Quando a gente já começava a se animar com a queda nos números de violência, eles voltaram a subir.
Veja o caso dos assassinatos cometidos com a intenção de matar, os tais "homicídios dolosos". Nos primeiros três meses deste ano, tiveram aumento de 7,1% no Estado de São Paulo, em comparação com os assassinatos cometidos de janeiro a março do ano passado.
Algo parecido aconteceu com os roubos: foram 4,1% a mais. Só nos latrocínios (roubos seguidos de morte) houve diminuição, de 2,4%.
Apesar de pequenas, essas variações preocupam. É pouco ainda para concluir que a tendência de melhora acabou, mas todo mundo ficaria mais tranquilo se os números da violência continuassem caindo sem parar.
Era o que vinha acontecendo há vários anos. Entre 1999 e 2005, por exemplo, a queda foi bem rápida.
Passamos, no Estado, de uma taxa de 35,3 homicídios por grupo de 100 mil habitantes para a metade disso, 17,7 por 100 mil (os especialistas preferem apresentar os dados assim porque fica mais fácil de comparar um ano com o outro, mesmo quando a população aumenta).
No ano passado, então, a situação ficou ainda melhor. São Paulo registrou em 2011 a taxa bem razoável de 10 assassinatos por 100 mil.
Um excelente notícia, em especial quando se leva em conta que é menos da metade do índice nacional, 25 por 100 mil.
Mas nos Estados Unidos e no Reino Unido, dois países mais ricos e desenvolvidos, a taxa é muito menor: fica em torno de 5 por 100 mil.
Temos muito trabalho pela frente. Mas parece que a polícia paulista vai ter de fazer mais força para impedir os bandidos de aterrorizar a população.
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