segunda-feira, 14 de maio de 2012

De bicicleta, agentes da CET fiscalizam respeito a ciclistas

Os motoristas que desrespeitam os ciclistas nas ruas de São Paulo serão fiscalizados de bicicleta pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Para isso, os agentes passam por treinamento que, na semana passada, contou com a participação de André Pasqualini, consultor de mobilidade que pedala há 18 anos na capital paulista. Ele afirma ser preciso introduzir a cultura da bike também no governo. "A ideia é criar um treinamento específico para os agentes andarem na rua. Atualmente eles já fazem fiscalização de bicicleta em locais fechados, como parques. Foi criado um protótipo de treinamento para expandir essa prática para o resto da cidade", diz ele. "A CET é uma empresa impregnada da cultura do carro. Nós estamos introduzindo a cultura da bicicleta. É uma forma de fazê-los ver o trânsito com outros olhos." Primeiro, os agentes têm um treinamento teórico, em que conhecem a legislação específica concernente aos ciclistas. Em seguida, vão aprender a identificar o nível de experiência dos ciclistas e orientá-los. "A grande maioria dos ciclistas comete infrações por medo ou por desconhecimento de regra. Então se ele anda na contramão ou na calçada é porque acha que não é seguro", diz Pasqualini. "Com o agente ali perto, ele vai saber que tem segurança. E, se continuar fazendo a infração, será orientado." A fiscalização em duas rodas vai começar, segundo o consultor, com as áreas de estacionamento onde há Zona Azul. "Com o mesmo gasto calórico, o ciclista cobre uma distância cinco vezes maior", garante. A ideia é expandir essa modalidade para outras funções. Para evitar ser autuado por desrespeito aos ciclistas, vale seguir as dicas de Pasqualini. "Ao ultrapassar o ciclista, procure mudar de faixa. Tem de manter o espaço virtual de uma bicicleta em relação ao ciclista. Se for fazer uma conversão, deixe o ciclista ir na frente. Não coloque a vida do ciclista em risco", afirma ele. "A bicicleta não é solução para o congestionamento de São Paulo, isso não é simples. Mas ela traz a humanização do trânsito." A fiscalização A CET começou na manhã desta segunda-feira a aplicar multas aos motoristas flagrados desrespeitando ciclistas nas ruas de São Paulo. O atual Código de Trânsito Brasileiro (CTB) já possui artigos que tratam do tema, mas, segundo a empresa, nem todos eram aplicados. Os agentes circulam em 128 pontos onde mais houve acidentes entre 2009 e 2011, como os cruzamentos das avenidas Sapopemba, Brigadeiro Luís Antônio, Marechal Tito e do Estado. "Não temos interesse em um número alto de autuações. Temos interesse em que o motorista enxergue o ciclista, que saiba que não está sozinho na rua", afirma Dulce Lutfalla, assessora de fiscalização da CET. Nisso fazem coro a ela os próprios ciclistas, como João Lacerda, integrante da Associação Transporte Ativo, que incentiva o uso de meios alternativos de locomoção. "A gente já sabia dessas regras, mas os motoristas não", diz ele. "Acho que a medida mais importante é dar legitimidade àquele motorista que já cumpre a legislação, dar segurança de que ele está fazendo o correto." Além disso, diz o ativista, a cidade precisa ser mais voltada ao ciclista. "Nosso código de trânsito é organizado para dar fluidez ao trânsito, não para proteger o mais fraco", afirma ele. "A gente precisa valorizar quem já usa a bicicleta." As multas poderão variar de R$ 53,20, como prevê o artigo 169 do CTB ("dirigir sem atenção ou sem os cuidados indispensáveis à segurança"), até R$ 574,62, caso do artigo 193, que proíbe o trânsito de veículos sobre ciclofaixas e ciclovias.

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