quinta-feira, 17 de maio de 2012
Justiça e dupla porta de hospitais
O Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu manter a proibição, ainda provisória, de que os hospitais públicos paulistas reservem 25% de seus leitos para atender só pacientes de convênios particulares.
A discussão ficou conhecida como a polêmica da dupla porta. Ou seja, haveria uma fila para os pacientes do SUS e outra, menor, para quem paga plano de saúde.
À primeira vista, é uma injustiça. Mas o governo do Estado, que defende a separação das vagas, diz que é o único jeito de cobrar o atendimento hoje dado de graça aos pacientes dos planos.
Ninguém duvida de que falta dinheiro nos hospitais públicos. Basta ver os ambulatórios apinhados de gente e o tempo que demora para uma pessoa necessitada marcar exames e cirurgias.
Por outro lado, também é evidente que os planos de saúde têm todo o interesse em despachar alguns de seus clientes para os hospitais gratuitos. Principalmente se o tratamento de que o paciente precisa for muito caro, como no caso de transplantes e de câncer.
É uma maneira de se livrar de uma despesa pesada. Como nada neste mundo é de graça, quem paga a conta somos todos nós, os contribuintes, que sustentamos o sistema público de saúde com impostos.
Faz sentido, portanto, cobrar dos planos o atendimento dado a seus clientes nos hospitais estaduais. Com mais dinheiro, o serviço pode melhorar para todos. Mas o paciente particular não vai querer enfrentar filas maiores do que encontra nos privados.
Não é uma escolha fácil de fazer, longe disso, entre a dupla porta e o esquema normal. Mas a Justiça precisa decidir logo, porque a saúde tem urgência.
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