sexta-feira, 29 de abril de 2011

Armas para entrega em domicílio

Quem não sabe que comprar uma arma no Brasil é para lá de fácil? Dos 7,6 milhões de revólveres, pistolas, espingardas e fuzis que estão por aí, calcula-se que quase a metade seja ilegal. Quer dizer, disponível para venda sem cumprir as formalidades de registro.

O cidadão com más intenções que estiver em busca de uma arma clandestina, se preferir não lidar com a bandidagem local, encontrará outro caminho na estrada para Foz do Iguaçu.

Em Ciudad del Este, a cidade paraguaia vizinha de Foz, qualquer um pode comprar um revólver novo. E, depois, passar sem medo pela fronteira.

Como mostrou uma reportagem da "Folha de S.Paulo", os vendedores paraguaios providenciam até um serviço de "delivery". Um motoboy atravessa a ponte da Amizade com a mercadoria escondida na moto e a entrega no domicílio, já do lado brasileiro. A tranquilidade com que esse tipo de compra e entrega é realizado comprova que as fronteiras brasileiras --pelo menos com o Paraguai-- são uma piada. E olhe que todo o mundo sabe disso: sacoleiros, turistas, policiais, fiscais, governadores e até ministros.

José Eduardo Cardozo, escolhido pela presidente Dilma Rousseff para o Ministério da Justiça, esteve ontem em Foz do Iguaçu. Reconheceu que as fronteiras são vulneráveis e disse garantir que os cortes nas verbas da Polícia Federal não vão piorar a situação.

Não é o que dizem os policiais federais. Claro que todo mundo quer defender o seu, e o pessoal da PF não fica atrás --é só falar em corte de verbas que começa a chiar. Mas parece bem difícil melhorar um serviço que já era ruim tirando dinheiro dele.

O ministro precisa explicar melhor essa mágica.

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