Morador de rua de 64 anos, Damião Barbosa morreu ontem de madrugada a 20 metros de um pronto-socorro da prefeitura na Barra Funda (zona oeste), administrado pela Santa Casa da Misericórdia.
O corpo de Damião, que era diabético e há quatro dias tinha procurado atendimento na unidade, foi recolhido só no meio da tarde pelo Instituto Médico Legal, sete horas depois de a polícia ter sido avisada. Os plantonistas do pronto-socorro não fizeram nada.
Até ontem à noite, não se sabia se o morador de rua chegou a entrar na fila para uma nova consulta de emergência. Ele tinha sido visto nas imediações desde a tarde de segunda-feira.
A cena chocante, na maior cidade de um país que se considera civilizado, é consequência de uma visão burocrática das regras de funcionamento dos hospitais e postos de atendimento médico.
Como não existem normas detalhadas sobre como recolher pacientes na rua, os funcionários dizem que podem ser responsabilizados se algo acontecesse no caminho até a unidade onde trabalham. Só atendem quem está dentro.
O caso de Damião não chega a ser inédito. Acontecimentos semelhantes já foram relatados, aqui mesmo em São Paulo, e também em outras cidades.
Mas isso só torna o que ocorreu na Barra Funda mais grave. Mostra o despreparo de quem deveria atender qualquer pessoa do público, sem discriminação. A decisão só dependia de bom senso e de um pouco mais de humanidade.
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