sexta-feira, 6 de maio de 2011

Corinthianismo a golpes de martelo

Não fosse o Corinthians ter concretizado o Corinthianismo em 1910, ter fundamentado uma Seleção Varzeana - Ó Várzea, berço do Futebol! - e ter partido com a cara e a coragem para a mais justa e ferrenha das Lutas pela igualdade, ter exercido seu papel histórico primordial na Revolução Corinthiana de março de 1913, enfim, não fosse o CORINTHIANS PAULISTA e sua Existência arrebatadora, o Futebol seguiria sendo o modorrento passatempo aristocrata.

Mas não estamos aqui discorrendo acerca do subproduto do ranço, que queria, quer e quererá a reação a essa Revolução permanente no Futebol. A anticorintiania doentia tem sua condição inválida, e parte da premissa capenga do "somos superiores" para tentar assim atingir o cerne e a Referência - o Corinthians de nós todos.
Desse "somos superiores" acabaram se divindo, num primeiro instante da década da Revolução, criando ranços de todas as cores do arco-íris. Depois, partiram para a tentativa de nos diminuir. Somos a ralé, segundo eles. Os discursos classistas começaram desde cedo, afinal o Corinthians levou os operários aos campos da patronagem. E no quadrilátero, os trabalhadores viram o quanto são mais fortes que seus gerentes, chefes, patrões, gente de uma aristocracia semi-escravocrata. Desse high society sobreveio o ranço, que se subdividiu. As múltiplas facetas da anticorintiania nos exemplificam cabalmente o que é a Referência.
É com a Referência que todos aspiram, um dia, rivalizar.

Esta Referência não se estabelece pelo "nível de superioridade" aristocrata e babaca.
Muito pelo contrário, ele é plena apenas porque se estabelece, tão profunda que a História se delimita a partir Dela.
O ranço porém está por aí, é observável e patina na esquizofrenia que a anticorintiania doentia causa. Por conta dela vemos tanto mimimi filodramatúrgico e dançante, a face tragicômica pastelônica da parte mais imunda da anticorintianada, que derrotamos no domingo glorioso que passou - LEIA O SAMURAI.
Mas esse pessoalzinho não leva a sério a si próprio, afinal o discursinho é de uma imensa contradição histórica, que permite àquele que surgiu corrompido se arrogar à uma superioridade falaciosa. Pobre anticorintianada perdida...

Mas o que é necessário notar, e que é a nossa real e necessária Luta, é que a diretoria mais uma vez majorou o preço do ingresso para a Final.
Claro, não fizeram isso nos atuais arremedos de Arquibancadas, muito menos no Tobogã, mas nas cadeiras.
O Futebol volta a ter seu público de alto poder aquisitivo, exatamente como na época da Revolução Corinthiana de março de 1913.
O problema, como muitos sabiam, mas só agora todos se atentam, é que é a diretoria do Corinthians quem está promovendo essa esbórnia. Sob o véu impoluto mas altamente nocivo que chamaram de "modernidade".
O Futebol é público, e tudo o que é público é também político.

Nós, Fiel Torcida, precisamos compreender nosso papel histórico que é próprio do Corinthianismo, e que ninguém mais tem a capacidade de exercer. Se nós não lutarmos, ninguém lutará. E o Corinthians é muito grande para ficarmos com essa palhaçada de elitização de nosso espaço que é sagrado.
Lembrem-se das bandeiras, do fato das cadeiras laranjas outrora serem apenas cimento, da Festa verdadeira e sem a qual não se pensava Futebol, há muito pouco tempo atrás.

Não é razoável, sequer tem espírito público, aquele que afirma que queria o estádio igual ao que se vê na Europa. São essas pessoas que fazem o Futebol ser menos brasileiro. E às vezes nem se dá conta disso. Há muito de veneno anticorintiano nessa assertiva, e mesmo o Corinthiano que diz uma baboseira dessa está corroído por uma anticorintiania aristocrata.
O Futebol menos popular, mais encaixotado pelo olho que tudo vê da vênus platinada - a emiçôra câncer - é um Futebol cada vez menos Corinthiano.
A ironia é essa; a diretoria atual promove a impopularidade e a aristocratização em nosso próprio cimento. Claro que a diretoria iria rebater com os argumentos do tipo "precisamos arrecadar". Esse argumento tem uma razoabilidade incontestável.
Mas o que é feito com o dinheiro arrecadado? Paga-se salário para encostados ou mesmo para cracas emprestadas a outros clubes - e são apenas exemplos, e não todos os gastos inúteis com o dinheiro que a Fiel gera. E este fato aniquila a razoabilidade do argumento.

Em breve a Arquibancada custará R$ 50. E só uns poucos gritaremos contra isso, pois a estrutura de apoio para que isso aconteça já está montada. A maioria achará que tem o maior cabimento uma estupidez dessa.
O subproduto do ranço dirá que a culpa foi do Corinthians, pois a essa gente restará sempre a Referência.
E o Povo estará exilado do Futebol, exatamente como há cem anos atrás.

Quando essa tragédia real estiver estabelecida, e a Resistência Corinthianista se limitar a alguns bravos Guerreiros, o Ciclo do Corinthianismo estará recomeçando, mas não haverá motivo para comemorar qualquer Glória. Este é um dos cernes da questão toda. O motivo mesmo é que o Povo terá permitido que aquilo que se fez razão de vida pudesse ter se esvaido.
Talvez quando o Povo recobrar a consciência, seja tarde. Mas o máximo que pode ter de acontecer é realizarmos novamente a Revolução Corinthiana Permanente de março de 1913.
Para isso, retornemos à nossa própria História, antes de qualquer coisa. Nunca é demais lembrar a História.

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