Se o leitor for usuário dos serviços do Hospital das Clínicas da USP (o famoso HC) e não tiver plano privado de saúde, que se prepare. Se vingar um plano da direção do hospital para melhorar suas contas, o atendimento dos pacientes do SUS pode piorar.
Hoje, 97 em cada grupo de cem pessoas atendidas no HC entram no hospital pela porta do SUS e nada pagam ao hospital. Apenas três são recebidos como pacientes particulares, com atendimento pago por seus convênios.
A ideia é multiplicar por quatro o número dos que entram por essa segunda porta. Ou seja, passar de 3% para 12% a parcela dos clientes pagantes, para aumentar a receita do hospital, um dos melhores do país.
Essa fatia de 3% de pacientes garante hoje ao HC uma receita de R$ 100 milhões por ano. Se o plano der certo, pode passar para R$ 400 milhões --um dinheiro extra muito bem-vindo para o hospital, que sobrevive com recursos totais de R$ 940 milhões anuais.
Parece muita grana, mas não é. Medicina com a qualidade da que é oferecida no HC envolve o trabalho de centenas de especialistas, equipamentos, remédios e materiais caríssimos.
Só com os baixos valores recebidos do SUS, mais o dinheiro que sai do governo estadual, o hospital tem dificuldades para se manter.
O resultado pode ser percebido por qualquer um que buscar o HC: longas filas de espera, macas no corredor, semanas ou meses para marcar consultas e exames.
Não é correto, porém, fazer o coitado que depende do SUS pagar o pato sozinho. Se tiver de esperar ainda mais tempo na fila, vendo o cliente do plano de saúde passar na frente, o povo vai chiar. E com razão.
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