quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

OS OITOS MINUTOS APOS A MORTE

Você conhece física quântica? Se a resposta for negativa, não fique triste: é complicada mesmo. Trata-se do estudo da existência de universos paralelos, realidades alternativas semelhantes ao que acontece aqui, neste exato momento, só que com ligeiras modificações. Sua existência jamais foi provada e muitos cientistas torcem o nariz para a ideia – Einstein, por exemplo, disse a famosa frase “Deus não joga dados” ao se referir a ela. Só que a proposta, convenhamos, é tentadora. Ainda mais para Hollywood, que busca sempre um roteiro esperto que possa pegar o público desprevenido. É este o grande trunfo de Contra o Tempo.

A história é pura ficção científica. Um trem explodiu em Chicago e matou centenas de pessoas. Nada pode ser feito para evitar o desastre, mas outro anunciado para daqui a algumas horas pode ser evitado. Como? Enviando alguém à mente de uma das vítimas através de um aparelho revolucionário chamado Código Fonte – ou source code, que é também o título original. Ele tem apenas oito minutos para, na pele da vítima, descobrir quem armou a bomba em um trem lotado. Tarefa difícil por si só, ainda mais quando o responsável pela missão é alguém que não tem a menor ideia do que está acontecendo.

Este é o capitão Colter Stevens (Jake Gyllenhaal, convincente na pele de herói). Ex-militar em missão no Afeganistão, ele agora tem a árdua tarefa de descobrir quem explodiu o trem de Chicago. Apesar das várias dúvidas, o lado patriota fala mais alto e ele entra em ação. Com isso várias vezes os tais oito minutos se repetem, com pequenas mudanças provocadas pelo próprio Stevens. No embalo pequenas informações sobre os presentes no trem são coletadas, de forma a montar um painel sobre quem é quem no cenário do crime e tentar identificar o possível culpado. Uma situação tensa pelo pouco tempo disponível e pela dificuldade por não saber nem por onde começar a investigar.

Quando Contra o Tempo começa a se tornar repetitivo vem o grande pulo do gato. A história muda do trem para o próprio Stevens e seu passado, trazendo revelações surpreendentes. Com ecos de Johnny Vai à Guerra, os conceitos sobre humanidade e até onde vale a pena estar vivo vêm à tona. Sem grande profundidade, é claro, já que a intenção do filme é usar estes preceitos, assim como os da física quântica, para criar entretenimento de qualidade. Consegue.

Contra o Tempo é um engenhoso filme de ficção científica, graças ao roteiro bem encadeado que até deixa algumas pontas frouxas, mas estas são inevitáveis ao se tratar de física quântica – até mesmo pela impossibilidade de ser provada. Destaque também para a direção de Duncan Jones, pela criação do relacionamento entre Stevens e os demais responsáveis pelo Source Code. É importante ressaltar que em nenhum momento eles têm contato direto, o que gera dois universos ao mesmo tempo antagônicos e complementares. Um filme bem interessante, para se divertir e pensar.

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