Quanto vale o ingresso?
Recentemente acompanhei a indignação de muitos colegas e amigos com relação à atitude condenável do engodo na revenda de ingressos, ou seja, ganhar as custas do desespero alheio cobrando valores absurdos pela mais nova relíquia alvinegra.
Todos sabem, mas vale repetir, só tem ingresso quem é Fiel Torcedor, comprou o restante dos ingressos pela internet e vai retirar no final de semana nas bilheterias ou tem cortesia da diretoria.
Nem os menores de 12 e os maiores de 65 anos não pagantes (Lei Municipal 11.256/92) poderão entrar, pois o Estatuto do Torcedor (Lei Federal 10.671/03, artigo 23), obriga o clube mandante a não permitir a entrada de mais torcedores do que a capacidade do estádio e como todos os locais estão esgotados, nada de entrada gratuita.
Alias, nem os profissionais do esporte, aqueles que se perfazem com suas carteirinhas de jornalistas com entrada franca, se não estiverem cadastrados, poderão entrar.
Sem acesso dos barrados no baile, sobram os cambistas, cujo ingresso comercializado tem enormes chances de serem FALSOS e seus compradores ficarem de fora da festa, sem ter com quem reclamar a não ser com suas próprias lamentações.
E quem não quer ficar fora da festa? Nessas horas, vale tudo: participar de promoções nas redes sociais, comprar produtos na Poderoso Timão, Ligar na Rádio Coringão, falar com aquele amigo que você não fala tem alguns meses ou até alguns anos… tudo por um ingresso pelo amor de Deus e a que preço? Possivelmente algo entre 5 a 10 notinhas de garoupa.
Relações de consumo são assim, lei da oferta e da procura, afinal terá sempre o torcedor que não vai o ano todo, economiza todos os ingressos, dinheiro do lanche, transporte e estacionamento para descarregar tudo na oportunidade de andar na janelinha e terá sempre o torcedor que terá o ingresso sobrando pois comprou a mais ou tem dependentes no Fiel Torcedor e sabia que isso aconteceria.
Condenável? Sim, assim como quem consegue uma camisa de jogo, com a assinatura do titular da camisa e revende por 5 vezes o valor de uma camisa normal, afinal poderia aplicar a mesma “idéia” de consumo dos ingressos.
Entenda, não sou a favor, só não sou hipócrita de acreditar que “o bom torcedor compraria ingresso a mais para vender pelo mesmo preço”, sério, tem que ser mais do que amigo, tem que ser irmão! Esse sim, aceitaria a tal cerveja de bonus pelo tão cobiçado ingresso… alias, cervejinha não, pelo menos um pacotão de engradado, com churrasco e o escambau, pois vai vacilar assim pra comprar ingresso lá em Arthur Alvim (pra não ter que falar palavrão).
O Corinthians conseguiu algo que parecia pouco provável de acontecer, mas em pouco mais de 4 anos de Fiel Torcedor, chegou até uma final de campeonato e comercializou quase todos os ingressos sem tumulto, sem filas, sem problemas… digo, claro que teve lentidão no site, claro que teve gente que não concluiu a compra, que teve algum tipo de contra-tempo, mas comparado com situações anteriores, melhorou absurdamente e, por enquanto, manteve os cambistas longe e os torcedores modinhas mais longes ainda.
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